Cursos de formação docente à distância concentram 50% dos calouros
Metade dos calouros (49,8%) dos cursos de formação de professores – como licenciaturas de letras, história ou matemática – entrou em uma graduação a distância (EaD). Isso é o que revela o censo do ensino superior no País de 2014, último com dados disponíveis. A tendência de aumento se confirma desde o começo da década, mas é a primeira vez em que há equilíbrio de ingressantes entre as modalidades presencial e a distância. Foram mais de 512 mil novos alunos nos dois formatos.
O aumento da fatia de EaD foi significativo em relação ao ano anterior, quando a proporção era de 35,4%. Segundo especialistas, o avanço rápido está relacionado, principalmente, à chegada de um público de alunos mais velhos, que já trabalham no ensino básico, mas não têm diploma. Os cursos online também são considerados estratégicos para atender a regiões em que há déficit de docentes. Há, porém, ressalvas sobre a qualidade dos cursos.
O avanço de um ano para o outro, segundo o MEC, revela a consolidação do modelo.
Para os estudantes, o ensino online é uma alternativa mais prática e econômica. “A comodidade é importante. Ainda mais em São Paulo, em que as distâncias são grandes e o trânsito é ruim”, diz Adriana Costa, de 42 anos, aluna de Letras EaD. “Muitos me falaram para não fazer porque o ensino seria ruim. Tem sido o contrário. Estudo mais do que no presencial.”
Paula Cristina Fernandes, de 38 anos, recomenda cuidado na escolha. “Quando entrei em Pedagogia a distância, mal falava com o tutor. Demorava 20 dias para responder um e-mail. O material também era bem fraco, desatualizado”, conta Paula, que já havia abandonado um curso presencial por dificuldades financeiras.
A estudante resolveu insistir e, no ano passado, ingressou em outra graduação de Pedagogia, também online. Agora, está satisfeita. “É preciso pesquisar bastante para encontrar o curso bom, saber como são as disciplinas, os professores, a estrutura”, diz ela, que já trabalha em uma creche pública em Arujá, na Grande São Paulo.
Especialista em Políticas Educacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), João Cardoso Palma Filho diz que é preciso aperfeiçoar a regulação da EaD. “É importante ter mais rigor ao avaliar. A graduação a distância não é necessariamente ruim, mas depende de como está estruturada”, diz Palma, que integra o Conselho Estadual de Educação.
Fonte: Educação UOL